EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ARTE: DESAFIOS E CONQUISTAS NA FORMAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL.
Paulo Diaz Rocha[1]
Se mostra pertinente conceituar
esta área de reflexão e ação em Educação Ambiental e problematizar suas
práticas atuais, indicando sua função social e seus potenciais perante a
questão ambiental. Procura-se portanto refletir sobre a aproximação entre estes
três campos. A problemática é da dificuldade e ao mesmo tempo o potencial, por
meio das artes, de sensibilizar e envolver diversos tipos de público.
Paulo Diaz Rocha |
O que se
pretende é contribuir para a mudança de hábitos, visando uma participação
criativa, a princípio despretensiosa, mas inteligente e provocativa perante o
consumo, uso, descarte etc. Portanto, a Arte Educação Ambiental – AEA,
como tenho denominado este campo de reflexão-ação, é vista aqui como o trabalho
lúdico e também engajado, usado em função de sua utilidade pedagógica e tendo
como objetivo final uma alteração radical do modus vivendi atual e a
consequente proteção ambiental. Assim, ela serve para estimular a criatividade,
mas não como fim em si mesma (arte pela arte) e sim política, militante,
ideológica. Creio que ela tenha um papel direcionado para o comprometimento do
artista e sua responsabilidade como cidadão planetário. “Artista” no
sentido de toda e qualquer pessoa criativa; como todo indivíduo dedicado ao seu
desenvolvimento mental, imaginativo e altruísta. E, mesmo que não tenha um
amplo e refinado desenvolvimento estético, procura sensibilizar-se e a outrem
através de seu potencial de expressão. Deste modo, aponto restrições, embora
pertinente em certas ocasiões, quanto ao uso, posso dizer, ingênuo da AEA
apenas como passatempo ou recreação e ainda reprodutor desta sociedade, uma vez
que não esteja conectada diretamente com um projeto maior de alteração do
paradigma insustentável da sociedade atual. Pode-se dizer que, embora não
exista uma real avaliação da estratégia de ação através da Arte Educação, os educadores,
ambientais ou não, têm reunido muitas experiências na busca pela construção de
uma sociedade planetária sustentável. E diversas pesquisas no país e no mundo
(M. de L. M. PEREIRA, J. F. DUARTE JR, H. GARDNER, J. HUIZINGA, M. RIBON e R.
SHUSTERMAN) têm indicado a ludicidade
e a criatividade como fundamentais
como fator de sensibilização e de envolvimento cidadão.
Oficina de Arte Educação durante a RIO + 20 |
A partir de jogos,
dinâmicas, oficinas, cursos e aulas, há maior participação por meio delas, apontando
para um crescente movimento das artes promotoras da cidadania crítica e de
intervenção local, de rua, visando à sustentabilidade. Assim, creio que as
ações relacionadas à Arte Educação são de vital importância para incrementar a
participação individual e coletiva direcionada à sustentabilidade. Portanto, a
AEA pode ser vista como uma ferramenta de promoção de reflexões e ações e tem
se constituído como componente imprescindível para uma maior presença da
questão ambiental em diversas atmosferas, tanto formais quanto não formais.
A arte não é um elemento vital,
mas um elemento da vida.
Mario de Andrade
[1]
Biólogo, educador do
Programa Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares – ITCP da USP.
Contato: pdiaz@usp.br
Biólogo (USU) e mestre em botânica (Unesp) e doutor pela UFRRJ. Possui experiência em educação ambiental e agricultura biodinâmica. Fundador do “Instituto de Estudos da Complexidade e da Intrépida Trupe”; participou do projeto “Saúde e Alegria em Santarém – PA”; coordenou a equipe do “Programa Protetores da Vida na Baía de Guanabara - RJ”; atuou como arte educador ambiental no “Programa Aprendiz Comgás – SP”. Atualmente trabalha como educador ambiental do Programa USP Recicla e organiza a coleta seletiva no campus da capital.