quinta-feira, 1 de outubro de 2015

EDUCAÇÃO INDÍGENA em poema

~~~ EDUCAÇÃO INDÍGENA ~~~
Um Poema que fala da Educação Escolar Indígena nas Aldeias e na cidade...como se processa cada uma e sua importância hoje.
Autora: Márcia Wayna Kambeba
Apoio: Rosi Araujo
A educação na aldeia indígena,
Começa desde a primeira idade,
Não segue os padrões de sala de aula,
É um aprender sem pressa na solidariedade.

Aprende que a agitação da formiga
E o canto do sapo, indica que a chuva vem aí,
Aprende a apreciar desde pequeno
Um bom peixe assado com vinho de açaí.

Aprende que na arte de pescar,
Só se pesca o que vai precisar,
E a calma é importante,
Para a flecha no peixe acertar.

Aprende com os mais velhos,
Nossa memória viva,
Que com os espíritos se deve conversar,
E deles a permissão receber para na mata entrar.

Aprende a dar valor ao que dela vem,
E a brincar nas águas do igarapé.
Aprende a curar com ervas da mata,
Como a gripe, que se cura com rapé.


Aprende que na culinária do povo Kambeba,
O Fani não se faz de qualquer maneira,
Essa comida leva peixe e macaxeira,
E é enrolado na folha de bananeira.

Aprende que na vida nada é fácil,
Que a luta terá que continuar,
Aprende o valor da sua identidade,
E que a educação vem do seio familiar.

Mas é preciso ir para o banco de uma escola,
E sair da aldeia é uma forma de buscar,
Conviver com outra cultura,
Sem esquecer sua Uka, o seu lugar.

A Universidade na vida do indígena,
É um direito, e já é algo bem notório,
O conhecimento do “branco” é importante,
Para que a palavra seja a arma na defesa do território.

Mas nossa luta não é só pela terra,
Lutamos pelo respeito a nossa nação,
Sem preconceito e discriminação
Viveremos, por muitas luas, entrelaçando as mãos.
Sendo sempre Kambeba, sendo parente, sendo irmão.

Marcia Kambeba
DE: Márcia Wayna Kambeba
Sou Mestra em Geografia, professora de Magistério Indígena, escritora, cantora, compositora e poeta, indígena da etnia Omágua/Kambeba do Estado do Amazonas, pesquisadora de povos indígenas e seus Territórios e Identidades em um processo de ressignificação da etnia. Escrevo poemas indígenas relacionados a vivência, território e identidade do povo indígena Omágua/Kambeba e dos povos indígenas em geral. Pelo fato de me afirmar indígena e viver na cidade foi que decidi escrever um livro de poemas intitulado Ay kakyri Tama - Eu moro na cidade, onde escrevo sobre assuntos voltados para nós indígenas que vivemos na cidade e lutamos por nosso respeito e afirmação junto aos que vivem nas aldeias.
Gosto de escrever assuntos voltados para a questão ambiental, envolvendo a Geografia e os povos indígenas. Também busco registrar a vivência dos povos indigenas aldeados ou na cidade através da fotografia que também é um meio de divulgação, além de ser algo que faço com carinho e prazer. Fotografo paisagens e busco apresentar uma relação com a natureza, com a Geografia.
Convido você para conhecer os povos indígenas através dos meus textos poéticos. Márcia Kambeba
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